sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ganhar Dinheiro na Fotografia – Parte 2/11

No artigo anterior iniciamos esta série elencando questões importantes na vida de um fotógrafo, e um desses fatores é a dualidade, a vida dupla vivenciada por todo fotógrafo, e isso vem antes de falarmos de marketing propriamente dito, pois de nada adianta um trabalho perfeito de marketing se você escorregar na forma como administra sua vida dupla patrão x funcionário..

De forma geral, fotógrafos são profissionais autônomos pois quase não existe emprego na área de fotografia como havia no passado. Quando iniciei minha carreira, jornais e agências de publicidade, para citar dois exemplos, tinham fotógrafos como funcionários fixos. Isso mudou e essas empresas contratam fotógrafos autônomos, há exceções, mas são poucas.


Ser patrão e funcionário ao mesmo tempo, questões importantes

Graças a esse movimento de mercado ocorrido ao longo das últimas décadas, fotógrafos passaram a sofrer de dupla personalidade, afinal cada um passou a ser ao mesmo tempo patrão e funcionário, o que antes era o chefe agora se chama cliente e você passou a ser o único responsável pelo gerenciamento de sua carreira obrigando-o a conviver com duas personalidades distintas, até opostas.

Vamos pensar inicialmente no ponto de vista do funcionário, o que ele quer e precisa? De um bom salário (o que o torna caro e pesa no preço que o cliente irá pagar), benefícios (plano de saúde, transporte, alimentação), o que o torna ainda mais caro, isso sem falar em tempo para a família e amigos (o que o torna indisponível) e possibilidade de se aprimorar fazendo cursos (aqui unimos profissional caro com indisponível).

Vejamos agora o ponto de vista do patrão. Ele quer que o funcionário custe pouco para que a empresa lucre, precisa de alguém competente, experiente, que resolva todos os problemas rapidamente, alguém dedicado, que possa ficar mais tempo no serviço, fazendo hora extra e nem ganhar mais por isso, que tenha domingos livres para trabalhar, madrugadas também. Na visão do patrão, o fotógrafo deveria conseguir trabalhar 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem comer ou sequer ir ao banheiro.

Enquanto um quer tempo para sair com a família o outro quer disponibilidade nos finais de semana, o primeiro quer dinheiro o segundo quer cortar custos. Ao observar isso é fácil entender por que tantos empreendedores acabam estressados.

E sabe o que acontece muitas vezes? O fotógrafo trabalha como louco, aos finais de semana e madrugadas para ganhar mais. Assim que tem um tempo livre gasta todo o dinheiro em restaurantes caros, noitadas com os amigos, trocando de equipamento, comprando lentes que não vai usar, comprando um carro grande e confortável para ficar parado no trânsito das grandes cidades e tendo boletos a perder de vista para pagar. Gasta muito dinheiro em bobagem como forma de compensar o estresse e depois fica mais estressado para pagar os abusos financeiros.

A primeira coisa a fazer antes que a situação exija tratamento, remédios controlados e um pedido de falência é parar e pensar qual o tipo de patrão e funcionário você tem sido. A maioria dos fotógrafos que conheço é ao mesmo tempo um patrão brutal e um funcionário subserviente, pois passam os finais de semana trabalhando, ficam até altas horas da madrugada no computador e sacrificando o relacionamento com família e amigos, negligenciando até a saúde. E por outro lado são gastadores compulsivos.

Esse comportamento traz estresse, depressão, doenças cardíacas, divórcios, obesidade e todos os tipos de problemas imagináveis. Então antes mesmo de pensarmos em lucro, vamos adotar uma palavra chave: equilíbrio. Lembre dela sempre que estiver perdendo o controle de seus personagens.

Você provavelmente receberá avisos, diretos e indiretos, como os amigos reclamando que você sumiu e sua(seu) companheira(o) de mau humor com você por estar tão ocupado que não tem tempo para um cinema ou jantar romântico. Outro tipo de aviso é o acúmulo de contas e dívidas parceladas, cartões de crédito etc. Saiba ouvir os avisos e equilibrar o tempo com tudo o que importa na sua vida, sem família e amigos não somos nada pois trabalho e dinheiro não substituem essas pessoas, no entanto, sem dinheiro não vivemos, então equilíbrio é a palavra.

Estação da Luz no Centro de São Paulo 619x619 Ganhar Dinheiro na Fotografia – Parte 2/11

Estação da Luz, no Centro de São Paulo

Agora que tratamos do equilíbrio vamos parar e pensar no como conciliar papéis tão diferentes que desempenhamos em nossa vida. Como ser um patrão legal e um funcionário eficiente tratado com justiça?

Um fator que ajuda os dois lados é o esforço na contenção de custos, quanto mais eficiente você for neste ponto maior será a capacidade de obter lucros, vejamos exemplos:

- Escolha do equipamento (câmeras, computadores, tablets etc.): Tem impacto no custo, só compre equipamentos realmente necessário ao trabalho. Lembre que um novo equipamento compromete meses de faturamento então não compre se não for absolutamente necessário, isso é oposto ao fotógrafo amador e é algo que o profissional deve aprender muito rápido. Se o novo equipamento não trouxer aumento de lucros ou uma melhora real na qualidade, então não precisa gastar com isso, lembre-se que você não passa a ser um melhor fotógrafo por trocar de câmera e que uns poucos megapixels a mais não representam nada na qualidade do trabalho;

- Carro: Todo fotógrafo tem carro ou deve ter, pois vai a reuniões com clientes, fotografa eventos em lugares diferente, carrega equipamentos caros que não são idealmente transportados em ônibus e trens. O carro faz parte do equipamento do fotógrafo mas apesar disso é um fator pouco lembrado, que tem custos atrelados a ele como combustível, manutenção e impostos. Pense seriamente que é melhor ter um modelo popular econômico, de manutenção fácil e barata no lugar de um possante esportivo;

- Contas da casa e do estúdio/escritório (se tiver): Gastar menos energia, gás e água não são apenas decisões ecológicas, elas ajudam a viabilizar sua carreira profissional pois tem impacto nos custos. Reveja também seus gastos com celular, as contas do mercado com itens supérfluos etc.;

- Software: só use software original, pesquise e veja que existem boas opções de programas gratuitos que podem resolver o problema;

- Cartão de crédito e outras formas de parcelamento: uma dica fundamental é a de nunca considerar o limite de seu cartão de crédito como dinheiro que você tenha. O limite do cartão é um empréstimo que bancos fazem a você e cobram altos juros por isso, então nunca use o limite do cartão, deixe ele para emergências de saúde. Só compre coisas que tenha dinheiro para pagar agora, você pode até usar o cartão (não o limite usando acima do que tem, nem o parcelamento da fatura, que cobra juros, apenas o cartão como forma de pagamento parcelado), mas compre apenas aquilo que você poderia comprar à vista pois tem o dinheiro em sua conta;

- Vícios: assunto delicado este, conheço muitos fotógrafos com todo tipo de vício, de vídeo games à bebidas, cigarros e tudo o que existe de atividades legais a ilegais. Não me alongarei aqui nem julgarei ninguém, mas se você gasta muito dinheiro ou tempo com qualquer espécie de vício, busque ajuda, converse com seus familiares pois muitas vezes você pode não perceber que está exagerando e se for o caso, busque ajuda médica, uma dose de bebida em uma festa pode lhe custar um dia do seu lucro, ou mais.

Talvez você agora perceba as relações entre sua vida pessoal e profissional, entre o patrão e o funcionário. Quando a pessoa é mais econômica a empresa lucra mais e a diferença pode ser investida em qualidade de vida (lembra do cinema com a namorada e do jantar romântico?). Não esqueça do impacto de seus hábitos sobre seu preço e conseqüentemente sobre o lucro, quanto melhor você trabalhar a questão do custo de vida, mais irá lucrar.

No próximo artigo trataremos da formação de preços em fotografia, algo que muitos fazem errado mas que pode ser corrigido e executado com facilidade.

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