quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Historia da Fotografia em Portugal


Fotógrafo Carlos Relvas História da fotografia em Portugal

Carlos Relvas nasceu na Golegã em 1838, e foi o nome que mais contribuiu para o desenvolvimento da história da fotografia em Portugal, e um dos principais do mundo, foi inventor, cavaleiro tauromáquico e fotógrafo.

Edificou o primeiro “atelier” de fotografia do mundo, foi distinguindo nos maiores certames de fotografia da época, recebeu quatro diplomas, foi eleito membro efectivo de outras tantas instituições, entre elas, a Sociedade Francesa de fotografia.

Viajou por toda a Europa e estabeleceu contacto com os principais nomes da fotografia Europeia, aproveitando como ninguém, os desenvolvimentos técnicos da época.

Foi retratista, fotografou mendigos, pescadores, escritores, políticos, artistas, etc.; fotografou o Ribatejo; em estúdio, fotografou destacadas figuras femininas da época e, fotografou o nu feminino.

Brito Aranha em 1878 escreveu no “Universo Ilustrado”: “Todos sabem que o senhor Carlos Relvas é o primeiro fotógrafo amador em Portugal e um dos primeiros no estrangeiro, e que a sua galeria e o seu laboratório fotográfico excedem o que possa imaginar-se em luxo de ornamentações, em abundância de espécimenes resplandecentes e em profusão de máquinas e utensílios dos melhores autores”.

Mais recentemente, Michael Gray, conservador do museu de fotografia Fox Talbot, disse ao Jornal Expresso em 1998: “É uma das mais importantes estruturas na Europa ligadas à fotografia. Não há nada de comparável que seja conhecido. Além disso, é um património não só de Portugal mas da Europa, e a Europa também se devia mobilizar para o proteger, bem como para tornar conhecido o trabalho de Relvas. Mas é um trabalho que devia começar por Portugal”.

Apesar de tudo isto, Carlos Relvas e o seu trabalho, continuam praticamente desconhecidos quer em Portugal, quer no Mundo.

O processo fotográfico actual, pouco varia do processo do início do século XX. Por isso se atribui ao século XIX a invenção da fotografia como a conhecemos hoje. No século XX assistiu-se à evolução das técnicas de controlo e ao aparecimento da fotografia a cores, cinema e todos os usos científicos utilizados hoje.

Artigo escrito a 17.04.09, na categoria História da Fotografia, por

As revoluções do fotojornalismo

O fotojornalismo sempre teve suas revoluções ligadas diretamente à tecnologia e às guerras. É isso que defende o teórico português Jorge Pedro Sousa em seu livro Uma história crítica do fotojornalismo ocidental. Segundo o escritor lusitano, a primeira revolução se deu em meados da primeira grande guerra mundial. É o período no qual os equipamentos se tornaram menores e, graças a fabricantes como a Leica, nos anos de 1930, os fotógrafos deixaram de ter o tempo de exposição como uma problemática em suas fotografias. Esse tipo de tecnologia, que permite ao fotógrafo um ato mais discreto, com lentes mais claras e filmes mais rápidos, modificou o fotojornalismo de maneira definitiva. Foi o tempo da foto cândida, anunciada por Erich Salomon, pai dos fotógrafos de redação. A ideia da foto cândida, para Salomon, era captar o instante natural das pessoas, como elas se comportam nos ambientes sem interferência do fotógrafo ou a atuação do fotografado.

Imagem 01 As revoluções do fotojornalismo

Erich Salomon – Berlin,1929

Com a influência dessa estética surge na Europa a geração de ouro da fotografia, é a geração de 30. Robert Capa, Brassai, Midans,Seymour, Doisneau, Munkacsi e Cartier Bresson. Esse último é considerado o pai do fotojornalismo moderno e isso se dá devido a sua ideia de instante decisivo. Aqui o fotógrafo tem como problemática prever o futuro, espectar, definir como será o próximo movimento. Esse debate pode ser melhor entendido no texto “A máquina de esperar” de Mauricio Lissovsky.

Imagem 02 As revoluções do fotojornalismo

Cartier Bresson

Os fotógrafos da segunda revolução beberam na fonte da primeira, mas não na maneira como cobriram a grande guerra, de forma limpa, imaculada, sem que o sangue faça parte da composição. Eles resolveram seguir a risca o que falou Capa: “se sua foto não está boa o suficiente, é porque você não está perto o suficiente”. Os grandes laboratórios para os repórteres foram os conflitos em Biafra, Chipre e Coréia, mas a revolução só se aplica mesmo na guerra do Vietnã. Em 1972 a Pentax já tinha seu modelo ES com fotômetro e em 77 a Konica com seu modelo C35 com autofoco, mas o que mudou na abordagem dos fotógrafos foi o fotochoque. Eles entraram nos frontes de batalha, se tornaram parte do cotidiano de guerra e resolvem usar a fotografia como equipamento de denúncia dos horrores que viam. Os filmes coloridos entram definitivamente nas publicações diárias, já que os jornais perdiam espaço para a nova mídia, TV colorida. Don Mccullin, o esteta do horror, encabeçava a lista dessas fotografias chocantes.

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Don Maccullin – Campo da cruz vermelha, Biafra, 1969.

Dentre os grandes nomes que fizeram história, também podemos citar Sebastião Salgado, Catherine Leroy, Eugene Richard, James Nachtwey e Nick Ut. Esse último apavorou o planeta com a foto de uma menina correndo sem roupas, queimada por conta da explosão de um míssil americano.

Imagem 04 450x352 As revoluções do fotojornalismo

Nick Ut – 1972

Os fotógrafos desse período tinham os conflitos como seus hábitats naturais. Com o fim da guerra do Vietnã, muitos rodaram o mundo procurando esse tipo de pauta. Para eles, o marco da terceira revolução foi um prato cheiro. A guerra fria. Com a queda do muro de Berlim explode a “mundialização”, como dizem os franceses, e a Europa Oriental cai em guerra por todos os lados. Por mais incrível que pareça esses confrontos não eram os assuntos principais dos jornais. A estética do retrato volta a tomar conta das redações. A velocidade é a palavra da vez. Os fotógrafos agora, além de dominar a fotografia, deveriam dominar a tecnologia da informação. Transmitir as fotos o mais rápido possível passa a ser a temática das editorias. Além disso, o fotojornalismo invade a publicidade. Oliviero Toscani, então fotógrafo da Benetom, passou a usar imagens de agências de notícias para estampar as campanhas da marca italiana.

Imagem 05 As revoluções do fotojornalismo

Benetom -Primavera/verão 1992

A terceira revolução data de 1989. De lá para cá a fotografia não tinha tido um grande choque que justificasse um olhar mais atento. A ideia de manipular a imagem é antiga, não é uma exclusividade dos anos 2000. O fato de mudar do átomo dos filmes para o bit das câmeras digitais também não modificou de forma agressiva a vida dos fotógrafos de redação. A estética continuava a mesma, as rotinas de trabalho modificaram em pouca coisa. Mas agora uma nova ferramenta me chama a atenção, me fez ficar atento a uma nova maneira de se fazer fotojornalismo. A fotografia de celular, mais especificamente o aplicativo Instagram. Com esse app, vários repórteres de periódicos de todo o mundo estão colocando imagens o tempo inteiro na grande rede. A premissa de foto de notícia vinculada diretamente a um texto noticioso vem se quebrando com essa ferramenta. Além disso, os veículos de comunicação vêm assumindo o chamado jornalismo participativo, ou interativo. Não temos mais os espectadores passivos, agora são usuários, com habilidades de comunicação e domínio das ferramentas e plataformas, e esse usuário interage com os veículos de comunicação, seja mandando conteúdo ou estabelecendo dialogo com o mesmo. Outro fato curioso desse novo momento do fotojornalismo é que emissoras de TV estão agora usando a fotografia como plataforma de comunicação. ABC, NBC, CTV e CNN possuem contas no Instagram e postam fotos diariamente. No Brasil, bons exemplos do uso desta plataforma para fazer notícia são os jornais Folha de São Paulo (SP) e o Jornal do Commercio (PE). Esses veículos, além de postarem fotos das matérias feitas pelos seus repórteres, apresentam o cotidiano de uma redação e fazem publicidade de suas publicações. O jornal pernambucano também usa, em algumas de suas matérias do jornal impresso, imagens feitas pelo dispositivo móvel.

O teórico espanhol Carlos Scolari, em seu livro Hipermediaciones, nos faz refletir sobre a situação de que é o homem cria ferramentas, que, por sua vez modificam sua vida, e, por fim, essa nova vida pede novas ferramentas. Não sei se ainda é muito cedo para chamar esse novo momento de revolução. O fato é que o jornalismo está se modificando e se adequando diante de novas possibilidades. A convergência e seus instrumentos já fazem parte do seu cotidiano. Ficar atento nunca é demais. Como diria N. Negroponte, em seu livro El mundo digital: “Un bit no tiene color, tamaño ni peso y viaja a la velocidad de la luz. Es el elemento más pequeño en el DNA de la información”.

Artigo escrito a 06.12.11, na categoria História da Fotografia, por